Publicidade de cordel

 

Dupla de Pingativos

Vou contar aqui um causo
Uma história bem bonita
De uma tal Publicidade
Que começa com birita
A birita era da boa
Daquelas que cospe fogo
Uma dose, duas doses
E inicia o grande jogo
Você deve estar pensando
Esse causo eu já vi antes
Dois pinguços discutindo
Sobre o Pelé Edson Arantes
Uma coisa eu te digo
Pinguço não tem, não
São apenas criativos
Tendo idéia pro Leão
***
O Leão inda está longe
A idéia nem se fala
O VP já vem chiando
E o Mídia não se cala
Porque o prazo está estourando
Mas a dupla nem se abala
O insight está difícil
Já é quase madrugada
Do pedido sai a pizza
Do Anuário, a chupinhada
Troca o logo, troca a fonte
E na imagem uma tratada
***
O primeiro a perceber foi o tal do Atendimento
Que explicava pro cliente o nascimento do rebento
A história não colou, inda deu aborrecimento
O cliente respondeu pedindo alteração
Aumenta o logo, por favor, e sem reclamação
O job então voltou
E a dulpa se irritou
Pois a noite é uma criança que se chama refação
Enquanto abre o Photoshop, vou fumar meu cigarrinho
Assim pensou o criativo, sem esquecer do cafezinho
E da pizza de anteontem pôs pra dentro um pedacinho
De volta para a mesa, começou a refletir
Como deixar Luciano Huck com a cara do Szafir?
E o fundo como faço? Eles não querem mais vermelho
Disseram que um anjo que pediu Paulo Coelho
A refação foi toda feita, falta os homi aplaudir
***
A campanha enfim vingou
Nunca mais se ouviu falar
Mas em Cannes nem chegou
Nem fantasma ia assustar
A dupla agora já pode
Encher a cara de cachaça
É só se amarrar num bode
E chamar de cão de raça
E assim termina o causo
Uma história bem bonita
Que começa e acaba
Com a danada da birita
*****
A literatura de cordel também pode ser cantada. E de duas maneiras: na forma arcaica, o repente; e na forma contemporânea, o funk carioca. Caso escolha a segunda opção, não esqueça, por favor, de iniciar com a seguinte introdução:
Paraparaparapapapapapá
Paraparaparapapapapapá

escrito por Alessandro Ribeiro